Conexão Brasil e Nigéria

Brasil e Nigéria são dois países que respiram cultura. Além de serem os países mais populosos na América Latina e na África, respectivamente, as movimentações modernas e ousadas em prol da identidade das comunidades estão presentes desde o ponto zero.

Como forma de atrelar a moda à história, em 2018, a camisa da Nigéria marcou o maior torneio de futebol do mundo com as cores vibrantes e referências diretas à cultura do país, assim como no ano de 2022, que trouxe um modelo inspirado nas tecelagens Adire. Para o Brasil, a Nike sugeriu como grande símbolo a onça-pintada, o maior felino das Américas.

A ancestralidade, espiritualidade, religião e autoestima conectam também três grandes criativos brasileiros que usam a moda, arte e estilo de vida para se conectarem com suas raízes.

A Nike e a Hypebeast Brasil se uniram para acompanhar mais de perto o cotidiano destes criativos para uma conexão autêntica e trocas sinceras.

Milena Nascimento, 23 anos, é diretora criativa e fundadora da Mile Lab, marca de moda marginal e ativista em prol do reconhecimento do corpo periférico no mundo.

"Eu vivo pela criação, pela arte. A questão da espiritualidade e da fé é um pilar fundamental que alimento muito e é de onde eu consigo tirar força para fazer os corres acontecerem. Sou muito movimentado pela poesia, pra entender que caminho preciso seguir."

"A importância maior é o fato da roupa entregar a primeira impressão sua no mundo. É fundamental os criativos da moda conseguirem transmitir essa história porque é aquilo que vai apresentar a sua identidade, assim como as camisas de time."

"A gente fica muito nesse lugar de esperar a oportunidade do externo, mas eu vejo que aqui dentro e desse espaço que eu construí é onde eu consigo criar minhas oportunidades também."

Next aos 34 anos é pintor e especializado no estudo de abstração geométrica. Quase 10 anos vivendo de trabalhos paralelos, em 2012 o artista entendeu a sua missão no mundo.

"Já estava com certa inquietacao pensando sobre minha essencia e identidade, pensando quem eu sou como negro no país e no mundo. Eu comecei a pesquisar sobre a simbologia Adinkra, que fica na áfrica ocidental. Comecei a me interessar por conta não só da estética, mas também a remeter à questão da identificação tag e escrita rupestre."

"A minha pesquisa é baseada na abstração geométrica, que estruturalmente é um movimento eurocêntrico, então são pouquíssimos artistas pretos que pintam no país e talvez até no mundo, como Abdias do Nascimento e Esther Mahlangu."

"Eu penso muito que pra mim não só como ser um pintor negro no pais é um ato politico, mas o que eu comunico tem que ser politico e tem que ser espiritual. Para as pessoas serem impactadas, ela tem que receber e sentir alguma coisa. Eu quero mexer com as emoções das pessoas."

Stella Chidozie, de 23 anos, tem dupla nacionalidade por conta de seu pai nigeriano. Conhecendo suas raízes desde cedo, ela quis se aprofundar ainda mais na sua ancestralidade.

"Pra mim foi transformador. O mais importante foi o berço que eu tive. Faz muita falta esse conhecimento da nossa própria história porque o Brasil é preto e indigena."

"Sempre faço muita questão de pautar essa autoestima que precisamos ter. Eu tenho muita sorte porque eu sei de onde eu vim. Eu vejo imagens e esculturas de mais de mil anos atrás e vejo os meus traços."

"Algo que convivendo com a comunidade nigeriana eu aprendi é de ter o senso de comunidade. Acho que a gente precisa de início resgatar esse senso de comunidade para entender quem a gente é em conjunto, porque não construímos nada sozinho."

FICHA TÉCNICA

  • Parceiro de Mídia: @hypebeastbr
  • Produção Executiva: @sbrcreative
  • Talentos: @mile.nx l @stellachidozie l @next1_
  • Fotografia: @apenastoni
  • Assistente de Fotografia: @matheusjlins
  • Direção de Set e Roteiro: @ajulia.reis
  • Produção: @cilipefarvalho
  • Make: @lvictorviana
  • Assistente de Make: @mestica_afrohair
  • Agradecimento especial: @tookbrasileiro

VEJA TAMBÉM

Manifestações de ancestralidade e espiritualidade

O Brasil tem como uma de suas riquezas a pluralidade: de pessoas, raças, origens, religiões e culturas, muito disso trazido por imigrantes nigerianos e também de outros países. Neste contexto tão plural, a conexão com as origens de cada indivíduo passa pela ancestralidade e espiritualidade como formas de preservação de suas ascendências.

O 6º episódio do Podcast Na Raça, da NWB, debateu as manifestações políticas e religiosas no maior torneio de futebol do mundo e em outros momentos no esporte. O podcast é apresentado pela criadora de conteúdo Bianca Santos, do Canal Desimpedidos, o jornalista André Hernan, Elton de Castro e Marcelo Carvalho, consultor e diretor executivo do Observatório da Discriminação Racial no Futebol, respectivamente. Nesse episódio, eles convidam o atleta Paulinho, jogador do Atlético-MG, para conversar sobre o tema, escutar suas experiências e opiniões.