“Todo Poderoso Timão”: o impacto do Mundial de 2000 no Corinthians
Mais do que uma taça, a vitória no Mundial de 2000 consolidou o Corinthians como potência global e reforçou o sentimento de pertencimento da torcida.
Os anos 1990 foram dos mais prósperos para o Corinthians quando falamos de taças: foram quatro títulos nacionais e três estaduais naquela década. Mas ainda assim, o Timão ainda era enxergado no cenário nacional como um time local.
Foi só a partir de 2000, quando veio um título internacional - o primeiro de sua história - que uma chave parece ter virado no imaginário brasileiro sobre o time e sua torcida.
Uma das principais marcas do Corinthians é a sua presença entre as classes mais baixas. Em 2010, uma pesquisa feita pelo Ibope e contratada por um grande jornal esportivo mostrou que 10,6% da torcida corinthiana naquele ano recebia até 1 salário mínimo.
O que antes era usado como motivo de zoeira (de forma bastante preconceituosa, diga-se de passagem) pelos rivais, ao longo dos anos se incorporou na torcida como fonte de orgulho.
— Quando o Corinthians vence, mais um favelado vence junto. Então, essa é a parada, independente do que você tem no outro dia, sempre tem aquela felicidade, sempre aquela espera, hoje ‘é nóiz’, vai dar certo — comentou o rapper Veigh, que faz parte do Bando de Loucos e já homenageou o Corinthians em suas músicas, em um papo com o PELEJA.
Aquela taça aumentou o orgulho dos corinthianos, vistos sempre como o patinho feio do futebol nacional. Torcedores como Andressa Alves, jogadora do Corinthians, cresceram já sendo campeões mundiais.
— Eu lembro que assisti a final na rua, assistindo com meu pai e o pessoal corinthiano. Foi muito gostoso de estar presenciando, mesmo sendo pequenininha e esquecendo algumas coisas, esse momento foi especial. A gente colocou a ‘tvzinha’ no fundo de uma casa, (e vimos) lá fora, em pé, futebol raiz — contou Andressa, que tinha 7 anos na época.
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Foto: Deborah Gaibina/PELEJA
Apesar de ter sido especial para as gerações mais novas, os mais velhos também foram impactados por terem noção da importância que aquele título mundial traria para a identidade do clube e da torcida.
— Eu não entendia (que o Corinthians tinha sido campeão do mundo). Estava feliz, meus amigos estavam felizes, mas não tinha essa dimensão. Meu pai com certeza sabia da dimensão, a paixão dele passou para mim. Para ele, acho que foi bem mais marcante — completou Andressa.
E nada demonstra melhor esse sentimento que o clássico “Todo Poderoso Timão”. A música mais famosa entoada pelos torcedores corinthianos a plenos pulmões em qualquer partida ganhou força na final do campeonato disputado no Brasil, contra o Vasco, no Maracanã.
Pulguinha, membro da Gaviões da Fiel, estava naquela partida e contou que o grito foi entoado de forma natural, junto com a bateria imparável na arquibancada.
— Quando entrou o Todo Poderoso Timão, pegou a Gaviões de um jeito! É uma música boa de cantar porque o gás volta rápido, e ficou aquela coisa pesada. Aí, quando caía, a gente na bateria inflamava de novo, e a coisa ficou o jogo todo — relembrou.
O grito que segue agitando as arquibancadas alvinegras é marca carimbada da identidade corinthiana. Uma torcida de loucos e sofredores, que passam esse sentimento de geração em geração.
— Essa energia só o Corinthians que tem mesmo. Uma parada lá de trás dos anos 2000 traz essa essência forte, se mantendo, e isso é um bagulho muito doido. E vai gerando uma nação louca atrás da outra. É um louquinho nascendo, outro crescendo, outro morrendo, e vindo a tropa toda de novo, quando um cai levanta o outro — terminou Veigh.
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