A RUA EM MOVIMENTO PARA
AS NOVAS GERAÇÕES
Em 2013, a ONU (Organização das Nações Unidas) decidiu que todo dia 6 de abril seria celebrado o Dia Internacional do Esporte para o Desenvolvimento e a Paz. A ideia é conscientizar a sociedade sobre o papel do esporte na promoção do desenvolvimento social, econômico e dos direitos humanos.
Seis anos antes e em linha com esse objetivo, o PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), órgão da ONU que apoia globalmente países a erradicar a pobreza e diminuir a desigualdade social, havia elaborado as bases para a criação da Rede Esporte pela Mudança Social (REMS). Atualmente, a rede reúne 127 organizações que atuam com o esporte como fator de desenvolvimento humano. A iniciativa conta com a parceria da Nike desde o início em 2007, reforçando o compromisso da marca de mover o mundo adiante por meio do poder do esporte.
Entre as ações que a REMS vem fomentando ao longo das duas últimas décadas, o Esporte na Rua tem sido uma realização importante e recorrente.
Desde 2017 e usando a data de 6 de abril como marco simbólico, o evento é realizado em diferentes locais do país visando contribuir com a democratização do acesso à atividade física e esportiva ao ocupar espaços públicos para oferecer gratuitamente atividades diversas.
Elas vão desde as mais tradicionais, como futebol, vôlei, tênis e lutas, até skate, arco e flecha e caminhadas ecológicas. Voltada para um público amplo, de todos os gêneros e faixas etárias, a programação é organizada e implementada por organizações associadas e membros da REMS em todo o Brasil.
"Ações em rede são a chave para promover transformações sociais duradouras. Um evento como este, organizado em conjunto, gera mais conexão entre as organizações e aumenta o sentimento de pertencimento à rede, mobilizando outras organizações e lideranças no território" afirma William Oliveira, diretor-executivo da REMS.
Em 2025, o evento mobilizou 28 cidades em 11 estados de quatro das cinco regiões do país, graças ao trabalho dedicado e incansável de 52 instituições. Ao longo de suas nove edições, mais de 20 mil pessoas participaram das atividades.
Sem planeta
não há esporte
Com a temática "Natureza e Bem Viver" para esta 9ª edição do Esporte na Rua, a rede aproveitou a dimensão educacional das atividades físicas para jogar luz em uma agenda urgente no Brasil e no mundo: a crise climática. E no dia do evento, as organizações tiveram a confirmação na prática de que acertaram na urgência da temática.
"Em algumas cidades o calor foi tão excessivo que o evento foi ao entardecer e em outras tivemos transferências de datas por questões de grande volume de chuva. Isso só reforça que o tema deste ano foi muito necessário e deve continuar sendo trabalhado para ampliar a consciência da população" , ressalta Willian.
Mas nem o calor de Fortaleza (CE) impediu que todos se divertissem. Segundo Jessyca Rodrigues, presidente e diretora-executiva do Instituto Esporte Mais, o destaque foram as oficinas de skate, tanto para as crianças quanto para os adultos.
"O evento tem esse objetivo de democratizar o esporte e garanti-lo enquanto direito, nem que apenas por um dia. O principal benefício para quem participa é experimentar naquele dia alguns esportes que não tem acesso e passar a se identificar e querer tornar aquela atividade uma prática regular. Com isso, melhorar saúde e qualidade de vida", explica.
Foi exatamente o que aconteceu com Maria Daffiny Braz, de 7 anos. Praticante de capoeira e ballet, foi ao evento pela primeira vez com sua mãe e tias e pôde experimentar as aulas de skate.
"No começo eu tive um pouquinho de dificuldade, mas depois eu já estava melhor porque a equipe me ajudou. E agora eu quero continuar a andar de skate, já que eu testei e consigo”, celebra. Da mesma idade, Dávila Maia de Sousa é mais uma convertida para a prática do skate, esporte que achou muito “legal e desafiador". Uma palavra para definir o Esporte na Rua em Fortaleza? Para ela, "felicidade".
A quase três mil quilômetros de lá, foram as atividades relacionadas ao tênis que receberam atenção especial do público. Em Florianópolis (SC), cerca de 400 pessoas se reuniram para praticar esporte e debater a importância da preservação dos espaços públicos, bem como o cuidado com a natureza.
Quanto mais a comunidade utilizar estes locais, maior a garantia de direitos fundamentais preservados e de retorno positivo para as famílias e para a sociedade. Espaços utilizados significam espaços seguros e úteis, contribuindo para o desenvolvimento físico, social e psicológico das pessoas, comenta Marcelo Neiva, coordenador esportivo do Instituto Guga Kuerten.
Outra reflexão importante que o evento provoca está no incentivo à prática do esporte enquanto experiência prazerosa e positiva. Para a mineira Isabella Guimarães, diretora-executiva da Associação Natividade:
"Ao levar o esporte para as ruas e praças, o evento convida as pessoas a se apropriarem do que é público, e a entenderem o esporte como linguagem cultural, como expressão. Democratizar o acesso não é apenas permitir que mais gente participe, é reconhecer e valorizar os saberes, os corpos e as práticas que já existem nos territórios. O Esporte na Rua aponta o caminho de um esporte mais horizontal, mais aberto e mais livre".
Isabella celebra a potência das atividades realizadas em seis cidades de Minas Gerais (Belo Horizonte, Contagem, Jequitinhonha, Medina, São Lourenço e Três Corações) e reforça o poder de mobilização da REMS.
Pensando em proporcionar uma vivência múltipla, o historiador e professor universitário Danilo Ramos levou oito de seus alunos da graduação em Educação Física para conhecer as atividades disponibilizadas pelo Esporte na Rua em Belo Horizonte (MG). A ideia surgiu da necessidade de conectar os conteúdos teóricos que são abordados em sala de aula com a vivência prática, ampliando a visão dos universitários sobre as possibilidades de carreira.
"O evento atua diretamente na democratização do acesso ao esporte, mas vai além e dá visibilidade a práticas corporais diversas, que muitas vezes fogem do circuito esportivo tradicional. Em nossa sociedade, que enfrenta desafios como o sedentarismo crescente, apresentar diferentes perspectivas de como podemos movimentar nosso corpo é fundamental" , observa Danilo.
E é justamente essa pluralidade de atividades, organizações, territórios e pessoas que torna o Esporte na Rua tão singular e a atuação da REMS tão importante para que o esporte possa cumprir seu propósito de ser uma ponte para o desenvolvimento e para a paz.
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